Notícia na íntegra

Sábado, 17 de Abril de 2021

Diminuir os casos de pessoas desaparecidas e aumentar reencontros em São Paulo

Horário: 00:00
Esta é a missão de Darko Hunter, responsável pela Divisão de Localização Familiar e Desaparecidos da Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania (SMDHC)

O dia a dia de Darko Hunter, de 36 anos, não é simples. Como responsável pela Divisão de Localização Familiar e Desaparecidos da Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania (SMDHC), sua missão é diminuir desaparecimentos e aumentar reencontros. Para realizar seu trabalho, Hunter conta com a ajuda de outros dois funcionários e parceiros.

A palavra Hunter, que em inglês significa caçador, foi acrescentada à identidade de Darko tempos antes de entrar na Prefeitura, onde ajudou a implementar a Divisão há sete anos. Passa o dia em frente ao computador, atendendo ligações e circulando pela cidade. A localização da secretaria, na Rua Líbero Badaró, facilita suas buscas, algumas vezes feitas com um patinete elétrico. As primeiras 48 horas são decisivas. Quanto mais o tempo passa, menor a chance de sucesso.

A região da Nova Luz e as entregas de refeições para pessoas em situação de rua fazem parte de seus percursos. Graças à essa tática, em 2020 ajudou a achar 579 delas. Mais de uma por dia.

Muitas vezes, grande parte do trabalho de Hunter é descobrir o motivo pelo qual a pessoa abandonou a família como no início do ano. Darko recebeu a ligação de um senhor, queixando-se do desaparecimento da esposa, de 60 anos.

Depois de perguntar se ainda não havia sido feito o Boletim de Ocorrência por conta do desaparecimento, Darko foi jogando as informações recebidas no sistema e descobriu que a mulher havia saído de casa por violência doméstica. E feito o cadastro em um albergue horas antes, fugindo do marido.

Foi ele quem desenvolveu um sistema que emite alertas sempre que um dos nomes da lista de pessoas desaparecidas faz cadastro em serviço público.

 

 

Fins de semana
De acordo com Hunter, é comum atender famílias de desaparecidos em feriados, fins de semana, ou nas madrugadas e em dias de chuva. Os novos casos - de 100 a 150 por mês – aumentam quando ocorrem as campanhas de conscientização, quando são expostas as fotos dos desaparecidos nas TVs instaladas dentro dos vagões do Metrô.

Rock e tatuagens
Por conta da vida corrida, já desistiu dos cursos de graduação em Psicologia e também em Ciências Sociais. Atualmente, cursa Filosofia.

Fazer tatuagens está entre seus hobbies: tem mais de 20. E a que ostenta na mão esquerda é dedicada aos desaparecidos: uma fênix com as asas posicionadas para cima. Hunter gosta de andar de moto e Raul Seixas e Radiohead estão em sua playlist nesse momento.


Carreira
A trajetória profissional de Darko teve início em 2007, quando atuava no Serviço Especializado de Abordagem Social (SEAS), da Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social (SMADS), abordando e encaminhando pessoas em situação de rua para equipamentos da rede socioassistencial como centros de acolhida.

“Encontrava várias pessoas que estavam nas ruas por conta de problemas relacionados a saúde mental. Decidi auxiliá-las indo atrás das famílias, proporcionando o retorno delas para suas casas. Por conta disso, acabei firmando uma parceria com o Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP)”, explica.

Seis anos depois, em 2013, Darko passou a se dedicar exclusivamente ao trabalho de busca por pessoas desaparecidas no Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua (Centro Pop) Barra Funda.

O retorno foi tão positivo, que em 2016 a Prefeitura decidiu criar um departamento de localização familiar, inicialmente na SMADS, tendo Darko como responsável pelo serviço.

“Estar diretamente como um funcionário da Prefeitura me auxiliou na formalização de parcerias com outros órgãos do governo, e na formalização de políticas públicas na temática de desaparecidos”, afirma. Desde o fim de 2018, o serviço migrou para SMDHC e segue sendo executado da mesma forma.

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