Notícia na íntegra

Quinta-feira, 23 de Maio de 2019 | Horário: 08:58

Quatro em cada dez mortes no trânsito na cidade de São Paulo em 2018 ocorreram a menos de dois quilômetros da casa da vítima

Pela primeira vez desde 1979, dados do Relatório Anual de Acidentes de Trânsito da CET são cruzados com informações da Secretaria Municipal de Saúde, o que permite relacionar residência da vítima e local da ocorrência, além de custos com internações hospitalares

Quatro em cada dez mortes em acidentes de trânsito na cidade de São Paulo em 2018 ocorreram a menos de 2 quilômetros da casa da vítima, aponta o cruzamento de dados do Relatório Anual de Acidentes de Trânsito – 2018, da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), com informações da Secretaria Municipal de Saúde, divulgado nesta quinta-feira (22).

Ao longo de 2018, a capital paulista registrou 828 acidentes fatais de trânsito, que vitimaram 849 pessoas. Destas, 322 residentes em locais com até 2 quilômetros de distância da ocorrência, um total de 38%.

Pela primeira vez desde 1979, a CET divulga seu relatório anual qualificando as informações com os dados da Secretaria de Saúde. O cruzamento, realizado em parceria com a Iniciativa Bloomberg para a Segurança Global no Trânsito, permite aprimorar as políticas públicas de segurança na mobilidade, por meio do acesso a dados como o local do acidente em relação à casa da vítima e os custos hospitalares com a internação.

A análise conjunta das informações das secretarias municipais de Mobilidade e Transportes e de Saúde ainda identificou que, no caso de vítimas fatais, 50% dos pedestres, 37% dos ciclistas, 35% dos condutores e passageiros, além de 27% dos motociclistas morreram a menos de 2 quilômetros de suas casas.

O número de óbitos de motociclistas em acidentes de trânsito, pela primeira vez, também ultrapassou a quantidade de pedestres que morreram atropelados. Foram 366 vítimas fatais que estavam em motos, ante 349 pessoas a pé.

Do total de 366 motociclistas mortos, 58 (16%) moravam fora da capital.

Em relação a pedestres, das 349 vítimas fatais, 78 (22%) tinham 60 anos ou mais.

Já o total de mortes de ciclistas no trânsito caiu de 37 em 2017 para 19 no ano passado, uma redução de aproximadamente 50%.  A versão completa do relatório está publicada no site da CET www.cetsp.com.br.

Custos hospitalares

O cruzamento de dados da CET com os da rede municipal de saúde revelou que,  das 849 vítimas fatais de acidentes de trânsito no ano passado, 236 (28%) morreram no local da ocorrência ou a caminho do hospital.

Dos 613 óbitos restantes, o levantamento identificou 158 vítimas com correspondências de internações no SUS, sendo 84 pedestres, 52 motociclistas, 14 condutores ou passageiros de veículos, cinco ciclistas, além de três passageiros de ônibus.

Os pedestres que morreram haviam ficado internados, em média, por quatro dias, com um custo médio de R$ 3.876 por internação e custo total de R$ 174.418. Motociclistas ficaram hospitalizados por dois dias, em média, com custo médio de R$ 4.347 por vítima fatal e custo total de R$ 173.866.

Condutores e passageiros de automóveis e caminhões tiveram a média de três dias de internação até virem a óbito, com um valor médio de R$ 3.307 pelo período que passaram hospitalizados e custo total de R$ 33.070. Ciclistas passaram hospitalizados, em média, um dia, com valor médio de R$ 2.425 por internação e custo total de R$ 12.124. E passageiros de ônibus ficaram, em média, hospitalizados 11 dias, com custo de R$ 1.530 por hospitalização, além do custo total de R$ 3.060.

Motociclistas e motofretistas

Como medida para ampliar a segurança dos motociclistas, a Secretaria Municipal de Mobilidade e Transportes (SMT) proibiu, a partir do dia 20 de maio, a circulação de motos na pista expressa da Marginal Pinheiros, no sentido Castello Branco.

Em 2017, a CET já havia proibido a presença de motos na pista central da Marginal Tietê, das 22h às 5h, e os resultados foram satisfatórios. Houve queda de 13 acidentes fatais envolvendo motos na Tietê, em 2017, para 10 no ano passado, uma redução de 23%.

Os dados consolidados de 2018 mostram que mais motofretistas estão morrendo. O número de óbitos desses profissionais passou de 28, em 2017, para 50, no ano passado.

“A CET intensificou as ações de educação e fiscalização para motociclistas, com destaque para o Projeto Motociclista Seguro, em parceria com a Polícia Militar nas marginais Tietê e Pinheiros. Esta gestão também criou a Câmara Temática de Motocicleta para discutir ações de segurança com os condutores”, afirma Edson Caram, secretário de Mobilidade e Transportes.

Características dos acidentes fatais e suas vítimas

Em relação a 2017, houve um aumento de 6,5% no total de mortes no trânsito –de 797 óbitos para 849, no ano passado. No cômputo geral, também subiu o índice de mortalidade por 100 mil habitantes, que foi de 6,56 em 2017 para 6,95 em 2018 – alta de 5,9%.

Os acidentes fatais mais frequentes em 2018 foram os atropelamentos, com um total de 350, seguidos por colisões (entre dois veículos) e choques (impacto de um veículo contra um obstáculo fixo), que somaram respectivamente 235 e 148 ocorrências. Sobre as vítimas, o maior número de óbitos concentra-se na faixa dos 20 aos 39 anos de idade para os motociclistas e de 40 aos 69 anos para os pedestres.

A cada dez óbitos, oito vítimas são homens e duas são mulheres. Entre os motociclistas, 91% dos óbitos são de homens, com ocupação predominante de motofretistas (50 casos). A participação desses trabalhadores equivale a 14% dos motociclistas mortos e de aproximadamente 6% de todas as vítimas fatais.

Os acidentes de trânsito fatais acontecem majoritariamente nos períodos da madrugada e noite dos sábados e domingos. Um terço dos óbitos se dá no local do acidente e 95,8% até quinze dias depois.

Vias com mais acidentes

A Marginal Pinheiros, as rodovias dos Bandeirantes e Raposo Tavares e a Marginal Tietê são as quatro vias em que mais ocorrem acidentes fatais na cidade de São Paulo. Em 2018, foram 16 mortes na Bandeirantes (ante cinco acidentes em 2017), e 16 na Raposo Tavares (três, em 2017).

Em uma década, queda é de 38% nos acidentes fatais e mortes

No intervalo de uma década, de 2009 a 2018, tanto o número dos acidentes fatais como o das mortes deles decorrentes diminuíram 38%. O número de ocorrências com óbitos caiu de 1.347 em 2009, para 828 em 2018; e o de mortes teve redução de 1.382 para 849.

Houve uma diminuição da participação dos atropelamentos nos acidentes de trânsito fatais nos últimos dez anos. Em 2009, eles representavam quase metade das ocorrências fatais, índice que caiu para 40% ao final de 2018, sinalizando melhoria na segurança dos pedestres.

É nítida também a tendência de queda no número de acidentes com vítimas: em 2009 foram registrados 24.918 acidentes, ante 13.105 ocorrências em 2018, ou seja, um decréscimo de 47,4%. O total de pessoas vitimadas no trânsito caiu pela metade: 32.035 em 2009 contra 15.845 em 2018, equivalendo a uma redução de 50,5%.

Mais ações pela vida

Com o objetivo de combater a violência no trânsito e poupar mais vidas, a SMT, por meio da CET, implementará um conjunto de intervenções de segurança viária que seguem os preceitos do Programa Vida Segura, anunciado em abril e fundamentado no conceito de Visão Zero, segundo o qual nenhuma morte é aceitável no trânsito. Esse pacote de ações envolve as seguintes intervenções:

Áreas Calmas

As Áreas Calmas têm a proposta de melhorar a segurança viária em regiões onde se concentram atividades comerciais e de serviços com fluxo intenso de veículos e movimentação de pedestres. A proposta também inclui a redução da velocidade máxima regulamentada nesses locais para 30 km/h.

1) Área Calma de Santana

O bairro de Santana, na zona norte, começou a receber melhorias em junho de 2018, com um projeto para acalmar a velocidade no cruzamento das ruas Salete e Dr. César. Foi criada uma rotatória e o passeio foi estendido, dando maior conforto nas travessias. Dois cruzamentos da Av. Cruzeiro do Sul – junto às ruas Dr. Olavo Egídio e  Conselheiro Saraiva – foram reconfigurados, recebendo controlador semafórico mais moderno e canteiros divisores de fluxos. Ao todo, são previstos 18 projetos na região do entorno do terminal de ônibus e estação de Metrô Santana.

2) Área Calma de São Miguel Paulista

No zona leste, São Miguel Paulista deverá receber intervenções de acalmamento de tráfego em 20 locais, como a Praça Padre Aleixo Monteiro Mafra (“Praça do Forró”), a principal do bairro, e a Av. Marechal Tito, cujas calçadas são atualmente estreitas.

Vias Seguras

3) Estrada de Itapecerica Segura

Com 9 quilômetros de extensão, a Estrada de Itapecerica é um importante corredor de ligação da zona sul, que faz divisa com Itapecerica da Serra. Em 2018, a via registrou nove acidentes fatais, com dez óbitos.

Observa-se um elevado número de motocicletas circulando pela via, cuja velocidade máxima regulamentada é de 50 km/h, nos picos da manhã e tarde. Os principais problemas identificados são as distâncias entre faixas de pedestres (de 100 a 600 metros), conflitos veiculares, calçadas estreitas e ausência de focos para pedestres em algumas travessias, além do comportamento de risco das pessoas.

A ideia é implantar soluções semafóricas e rearranjo de geometria em cruzamentos,  de modo a tornar a Estrada de Itapecerica uma via mais segura.

4) Belmira Marin Segura

O mesmo conceito de Via Segura deve ser levado à Av. Dona Belmira Marin, no Grajaú. Em 2018, a avenida somou seis mortes.

O principal problema detectado nessa movimentada via da zona sul é a grande distância entre as travessias em trechos de comércio adensado, o que leva os pedestres a se arriscarem entre os veículos.

Dentre as propostas sugeridas, preveem-se semaforização, correção de geometria, otimização da fiscalização eletrônica e revitalização da sinalização viária.

Rota Escolar Segura em Itaquera

5) Na Cohab José Bonifácio, em Itaquera, SMT e CET darão continuidade ao Projeto Rota Escolar Segura: além de uma minirrotatória e da ampliação de uma faixa zebrada já sinalizadas na Rua Jardim Tamoio, o quadrilátero formado por essa via, a Rua Luís Mateus, a Av. Nagib Farah Maluf e a Rua Agrimensor Sugaya deverá ser contemplado com lombadas, faixas de pedestres, canteiros centrais de apoio, etc.

O Rota Escolar Segura foca na mobilidade de áreas escolares onde a maioria dos estudantes faz o trajeto casa-escola a pé. São premissas desta iniciativa:

  • Melhorar a visibilidade das crianças nas travessias de pedestres (propondo travessias elevadas e avanços de passeio junto às travessias);
  • Propiciar maior segurança aos alunos próximo aos portões de entrada e saída das escolas (extensões de passeio, áreas de interação);
  • Aumentar a utilização das faixas de pedestres pelos estudantes: propor distâncias menores entre travessias, reduzir a extensão da travessia, implantar focos semafóricos para pedestres, iluminar as faixas;
  • Implantar sinalização de redução de velocidade (30 km/h) acompanhada de dispositivos moderadores de tráfego, tais como rotatórias, travessias elevadas, lombadas físicas, chicanas, estreitamento de pista.
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