Notícia na íntegra

Quinta-feira, 3 de Dezembro de 2020 | Horário: 19:06

Arquiteto negro Joaquim Pinto de Oliveira (Tebas) ganha escultura na região da Praça da Sé

A obra, que foi entregue à cidade de São Paulo em 20 de novembro, será inaugurada oficialmente em 5 de dezembro durante a Jornada do Patrimônio

A Prefeitura de São Paulo, por meio da Secretaria Municipal de Cultura, entregou à cidade, em 20 de novembro (Dia da Consciência Negra), uma estátua na Praça Clóvis Bevilácqua que celebra a grandiosidade do legado arquitetônico de Joaquim Pinto de Oliveira (1721-1811), ex-escravizado que ficou célebre com a alcunha de Tebas. A inauguração oficial do monumento será em 5 de dezembro, como atividade da programação da sexta edição da Jornada do Patrimônio, que, neste ano, terá como tema “Nossa Cidade, Nossas Memórias”. 

Tebas, que significa ‘alguém de grande habilidade’ na língua quimbundo, teve seu reconhecimento profissional de forma oficial nos últimos anos, tendo, inclusive, em 2018, sido chancelado pelo Sindicato dos Arquitetos no Estado de São Paulo (Sasp) – ocasião que datava mais de dois séculos de sua existência. 

A co-criação do conceito do projeto foi desenvolvido pela arquiteta Francine Moura à convite do artista plástico LumumbaAfroindígena que é o responsável pela criação da escultura. A obra tem o objetivo de firmar e reverberar a expertise e modernidade do legado de Tebas, revelar de modo artístico a sua produção tecnológica sofisticada para a época e propor, acima de tudo, uma reflexão que recobra a relevância da ocupação territorial preta em área central da cidade que foi fragmentada ao longo dos séculos. 

Além da importância histórica da entrega dessa obra à cidade de São Paulo, ocupando um território central, a representatividade de Tebas é importante para a militância preta, para a arquitetura, para o urbanismo e resgate da memória do arquiteto. 

“A obra suspensa no ar dá uma ideia de ascensão, como se ela emergisse para fora, do período da escravidão, desse universo perverso, ao mesmo tempo em que se tem a presença do high tech, que faz um contraponto ao componente perecível, da corrente de ferro comum, que ficará na base da estrutura ao inox que é um material mais contemporâneo”, contextualizam os autores. 

Essa forte simbologia de opressão para o povo preto, ao longo do tempo, será propositalmente deteriorada uma vez que, o ferro da corrente, não resiste às intempéries da natureza. Os artistas pretendem, com este signo, dialogar com as próximas gerações, com o propósito de quebrar paradigmas e não definir interpretações estáticas. O intuito é que, a partir deste ponto, consigam traçar perspectivas e paralelos entre o passado histórico de resistência e o avanço das pautas étnico-raciais no Brasil e no mundo de forma fluída e contundente.

Para celebrar e perpetuar a sua memória estão previstas ações para o dia 5 de dezembro, como intervenções artísticas com o cantor e compositor Aloysio Letra e o Bloco Afro-afirmativo Ilú Inã, além de um a gira de conversa com as participações do escritor e pesquisador Abílio Ferreira, LumumbaAfroindígena, Francine Moura e da produtora cultural Rita Teles.  

Serviço 

Obra Joaquim Pinto de Oliveira

Praça Clóvis Bevilácqua – Face leste da Praça da Sé

Inauguração oficial – 5 de dezembro de 2020

Intervenção do Bloco afro-afirmativo Ilú Inã e Aloysio Letra
Dia 5, às 11h
Local: Praça Clóvis Bevilácqua
Classificação: livre

Gira de Conversa ‘Tebas Imortal’ – com o artista plástico Lumumba
Afroindígena, a arquiteta Francine Moura, Abílio Ferreira e Rita Teles
Dia 5, às 17h

A conversa será transmitida pela página oficial da Secretaria Municipal de Cultura do Facebook

https://www.facebook.com/SaoPauloCultura/

Para aqueles que desejarem acompanhar presencialmente a roda de diálogos, serão disponibilizados 50 lugares na Sala Tula Pilar – Biblioteca Mário de Andrade, respeitando todos os protocolos de segurança e distanciamento.

Classificação: livre

Descrição Técnica do Projeto 

Título: "JOAQUIM PINTO DE OLIVEIRA"

Artista: Lumumba Afroindígena

Coautora: Francine Moura

Material estátua: aço inox


Material corrente: ferro


Material base: concreto aparente

Dimensões: altura 3,60 m; largura, 2,40 m; profundidade, 2,40 m

Ficha técnica Equipe:

Artista: LumumbaAfroindígena

Coautora e arquiteta responsável: Francine Moura

Produção: Núcleo Coletivo das Artes Produções - Rita Teles

Projeto estrutural: Engenheira MabiElu

Projeto de fundação: GPDE – Guimarães Dias Projetos Estruturais

Projeto de paisagismo: arquiteta Rosa Fonseca

Orçamentista – engenheiro Eduardo José de Moura

Construtora: Silce Construções e Reformas Ltda.

Assistente técnico – Ciro Shu

Registro fotográfico e audiovisual: Marcel Farias

Consultoria e autoria do texto da placa de identificação: Abílio Ferreira

Designer gráfico: Neegrow – Fernando Santos

Assessoria de imprensa: Baobá Comunicação, Cultura e Conteúdo

Assessoria de imprensa Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo:

Cristiane Batista (99664-0754)

Francine Ramos (98839-9735)

Tatiana Vicentini (13-98211-7554)

Gabriel Fabri (96582-8213)

Realização: Prefeitura de São Paulo – Secretaria Municipal de Cultura

Sobre Joaquim Pinto de Oliveira, Tebas

Mais conhecido como Tebas, o arquiteto negro nascido em Santos permaneceu escravizado até os 57 anos, 110 anos antes da abolição da escravatura. Trazido para a São Paulo, em 1740, o mestre pedreiro português Bento de Oliveira Lima, seu senhor, lhe ensinou o ofício de talhar pedras.  A habilidade para os adornos, numa época em que, na capital paulista, a técnica construtiva vigente era a taipa de pilão, fez com que Tebas gozasse de prestígio junto às ordens religiosas pertencentes ao triângulo histórico paulistano: os carmelitas, os franciscanos e os beneditinos.  Algo inimaginável para um escravizado, a sua expertise rendeu contratação e pagamento por estas instituições. A primeira torre da igreja Matriz da Sé (1750), bem como os ornamentos das fachadas dos conventos: Ordem 3ª do Carmo (1775-1778), Ordem 3ª do Seráfico Pai São Francisco (1783) e Mosteiro de São Bento (1766 e 1798) fazem parte de seu repertório.

Sobre LumumbaAfroindígena 

Mineiro, artista autodidata, 40, tem na conta duas décadas dedicadas ao universo das artes plásticas. Descendente de congoleses, um caso raro de terceira geração, nascido no Brasil, herdou o sobrenome da bisavó escravizada, a congolesa Tereza Lumumba, e também carrega a herança indígena, da etnia Puri-Guarani, da Serra do Caparaó. Sua trajetória começou na pintura de orixás, no suporte juta, em que traduzia os mitos yorubás.  Em 2009, ele passa a se dedicar à cenografia como escultor em eventos como: a parada "Momentos Mágicos Disney - Brasil", Óperas Infantis para o Teatro Municipal de São Paulo, – venceu o Prêmio Carlos Gomes de cenografia com "O menino e os sortilégios" de Ravel– Beto Carrero World, Dreamworks e Oktoberfest, Da visita em 2018, ao Parque Indígena do Xingú, quando foi honrado e participou da cerimônia Kuarup nasceram as sete obras, feitas na aldeia com pigmentos naturais e que foram exibidas, na expo individual, na galeria Matilha Cultural, de São Paulo.

@lumumba_afroindigena  

Sobre Francine Moura

Mulher negra, natural de Angra dos Reis (RJ), 43 anos, graduada em Arquitetura e Urbanismo, 20 anos de carreira. No campo da arquitetura, interiores e construção civil, tem experiência em projeto, obra e manutenção predial tanto comerciais, corporativas quanto residenciais. Já atuou com pesquisa e preservação de patrimônio histórico. Possui vivências no campo das artes visuais em direção de arte e cenografia na criação, planejamento, execução e montagem de projetos artísticos e audiovisuais em expressões como evento, exposição, carnaval, espetáculo, cinema, documentário, websérie, videodança, videoclipe, programa de TV e ensaio fotográfico. E também cria e desenvolve figurinos e adereços para espetáculos em geral. É especialista em Educação, Relações Étnico-Raciais e Sociedade com investigação das percepções construídas sobre o corpo da mulher negra e a busca por ressignificações. Também possui especialização em Projeto de Arquitetura na Cidade Contemporânea com pesquisa sobre espaços públicos e coletivos. Tem capacitação em Gestão de Projetos, curso de extensão em Folclore e Cultura Popular e oficinas de Conservação de Obras de Arte e de Produção Cultural. Ama criar espaços, imagens e imaginários e encontra nas formas e cores a melhor maneira de se comunicar com o mundo.

@francinemoura.art

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